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domingo, janeiro 20, 2013

Aniversario-parte menos boa

Talvez este assunto não devesse ter importancia suficiente para considerar sequer, que o aniversario da migalha teve uma parte menos boa.
Mas tem. Porque me tem ocupado tempo em pensamentos, e porque me magoa.
A migalha tem uma amiga que adora desde o tempo do infantário. Porque apesar de só terem cinco anos, gostavam das mesmas coisas, das mesmas brincadeiras, dos mesmos programas de televisão.
Chegaram a ter oportunidade de brincar fora da escola. A migalha, chegou a ir brincar a casa dela, e ela, chegou a vir brincar cá a casa.
Tudo corria dentro do que é suposto, uma amizade normal entre duas crianças pequenas, tu és a minha melhor amiga, eu sou a tua melhor amiga, e pronto.
Até ao dia. Até ao dia em que a mãe resolveu que as nossas filhas eram amigam demais, que tinham uma amizade demasiado exclusiva, que talvez não devessemos alimentar muito isso fora da escola. Que a filha achava a migalha muito bonita, que estava fascinada pelo cabelo, pelas roupas, e que temia que quando um dia fossem separadas acabasse por sofrer. Que estava dependente.
Ãh??
Fiquei para morrer. Não consegui compreender. Parecia que estávamos a falar de um namoro proibido, de duas adolescentes que se metem na droga juntas, sei lá. De tudo menos de duas meninas de cinco anos que são amiguinhas.
A migalha perguntou-me vezes infindas porque não podia ir brincar a casa da amiga, porque não telefonava à mãe dela a convidá-la para vir cá a casa. A miúda, sempre que me apanhava na escola, perguntava-me porque não podia vir.
Tive sempre muita dificuldade em explicar à migalha o que se passava. Estava fora de questão que ela pensasse sequer que existe o conceito de "demasiado amiga". Porque ensinar-lhe que era "demasiado amiga" de alguém, era ir contra tudo aquilo em que acredito, e que lhe tento transmitir. Porque me orgulho de a minha filha, tão pequena, ter essa capacidade de desenvolver relações de qualidade e de verdade com as outras crianças.
O tempo passou, continuam na mesma escola, mas em salas diferentes. A migalha fez novas amigas a juntar às que trazia.
Esta amiguinha estava incluída no lote das que ela quis convidar para a festa. E mais uma vez a mãe, depois de engonhar até quase à última para responder, lá escreveu um simpático mail, a anunciar a não comparencia da filha.Sempre educada, sempre irritantemente simpática. Sempre estupidamente delicada. Um vómito.
Esta mulher faz parte daquele género de mães manipuladoras que tenta controlar a vida dos filhos, com quem se dão, quem pode ou não interessar. Cada passo e lá estão elas, castradoras, a inibirem-nos de ouvir o coração, com o mote de que pode ser díficil agora mas no futuro irão agradecer.Caprichosas. Interessadas em relações superficiais, controladas nos movimentos, nas palavras, e sobretudo nos sentimentos. Sem se envolverem, como as putas. Sem amor, não há sofrimento. Pois não. Nem todas as coisas boas que se retiram das relações sinceras e despojadas de interesse.
Vou continuar a convidar a miúda, enquanto a migalha o pedir. Não tenho nenhuma justificação decente para não o fazer. A senhora vai continuar a recusar gentilmente os convites.
Tenho pena, muita pena da filha dela. Tenho pena que me pergunte a mim, o que se passa. Pelo andar da carruagem, vai precisar de um bom psicoterapeuta quando crescer mais um bocadinho.A julgar pelo comportamento da mãe desde o infantário, suponho que até à idade adulta vai ter um longo e penoso caminho.
E tenho pena da minha filha. Pena que se veja privada do convívio com uma pessoa de quem gosta, por causa de uma...de uma...de uma...mulherzinha, para ser simpática.

2 comentários:

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