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segunda-feira, maio 13, 2013

Sobre Migalhas na cama dos pais

Temos um problemazinho. Quer dizer, pelo ar zangado de Dito-Cujo, temos um problemaço.
Migalhas mais pequenas acordam a meio de todas as noites, todas sem excepção, e rumam para a minha cama. Até o mais bebé, que chamava e choramingava para irmos lá, "ábua, chucha", e depois de nos apanhar agarrava-se tipo carrapato até ser transportado,  já se levanta e vai pé ante pé do quarto dele directinho para o nosso quarto.
A Migalha do Meio, que não sei se alguma vez na vidinha dela dormiu uma noite inteira de seguida, faz o mesmo. Levanta-se, e lá vai ela. Só que enquanto o bebecas chega, deita-se e dorme, ela rebola-se, mete-nos os pés em cima, vira-se 334 vezes, agarra na almofada, vira-se com a cabeça para os pés e os pés para a cabeça,  bem encontadinhos à nossa cara...Um desatino.
Dito-Cujo já se está a passar. E claro, diz que a culpa é minha.
Talvez seja. Eu passei noites e noites da minha infância morta de medos na minha cama. Tinha medo do escuro, tinha medo dos bichos, dos ladrões, começava a imaginar cobras e lagartos debaixo da cama, todas as sombras me pareciam alguma coisa. E lembro-me que chorava. E que vivia momentos de verdadeiro pânico até ser vencida pelo sono. Claro que em casa dos meus pais não havia cá estas procissões de pé-descalço todos os dias. Cama dos pais? Só de manhã e só ao fim de semana. Vá, e se estivessemos muito doentes, lá se abria uma excepção. Lembro-me de uma vez ou outra me ter enfiado do lado da minha mãe, mas mal o meu pai dava por isso, recambiava-me para a minha cama.
Só comecei a adormecer no meu quarto sem cenas, já era adolescente. E mesmo nessa altura fechava o estore até não entrar uma nesga de luz, e tinha pavor só de imaginar que alguém, vindo sabe-se lá de onde, trepava as paredes e me entrava pela janela dentro. Pessoas que cabem nos buracos do estore? Sei lá, no meio do medo intenso, tudo parece possível.
Bem sei que temos que os ensinar a lidar com os medos. Bem sei que têm que aprender a conciliar o sono, auto controlarem-se, que isso lhes dá segurança. Que temos que explicar que o quarto deles é um lugar seguro, onde podem dormir tranquilos. 
E estamos assim. Eu bem digo à Migalha do Meio que só vai para a nossa cama de manhã, mas quando ela me aparece lá estremunhada a meio da noite, a correr em passinhos assustados, não tenho coragem de a mandar embora.
Outra forma de aplacar pai furioso, é ir eu para a cama dela. O pior é que depois Migalha Pequeno vai chegar ao meu quarto e vai deitar o prédio abaixo quando vir que não estou lá.
Bem, podemos acabar todos os três na mini cama de Migalha do Meio, enquanto Dito-Cujo ressona no seu T4 de 2 metros de largura.
Pois...Não está fácil.
Raio da miúda que não pára quieta! Se ela deixasse dormir, Dito-Cujo nem sabia que ela lá estava a não ser pela alvorada.
Ainda assim, tenho esperança que a coisa se componha por si. Migalha Crescida sofreu do mesmo mal e passou-lhe quando começou a apreciar dormir a noite toda descansada e esticada numa cama só dela.
Ainda assim uma coisa é certa. Não vai ser hoje.


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