O maravilhoso header é cortesia da Palmier Encoberto. Quem mais?

quinta-feira, outubro 31, 2013

Maldito Halloween

E de repente, as minhas crianças querem festejar o Halloween.
Encharcadas em Panda e Disney que há mais de dez dias que se dedicam ao tema dos vampiros, das bruxas e dos esqueletos, Migalhas pedem roupa preta, chapéus altos e bicudos, "ó mãe, podes comprar uma abóbora".
E eu que não, que não é uma tradição nossa, que na escola delas não se festeja o Halloween (é um infantário católico), que não vou comprar caveiras nem tridentes.
E qual não é o meu espanto, quando chego com elas à escola, e mais de metade das crianças tem batom preto ou capa de drácula, chapéus, montanhas de roupa preta.
Migalha do Meio não escondeu a desilusão por não ter levado absolutamente nada para "brincar ao Halloween".
Eu fiquei furiosa. Primeiro, porque a escola devia ter informado os pais, que ao contrário dos outros anos,  o Dia das Bruxas já fazia parte do programa. Depois, porque me irrita estarmos a festejar uma coisa que não é nossa, que nem sequer faz sentido na nossa cultura, que é vendida às nossas crianças pela televisão. Irrita-me entrar num hipermercado e levar com abóboras e fatos tal e qual como se estivessemos no Carnaval.
A cereja no topo do bolo, foi o pedido (negado, claro), para andarem de porta em porta a pedir doces à vizinhança. E eu mais uma vez que não, que as pessoas nem iriam saber o que eles queriam.
Mas já percebi que é uma questão de tempo, e que não conseguirei resistir muito mais. Afinal, Migalhas ficaram bem tristes por não levarem teias de aranha coladas aos cabelos. Também doeve ser uma questão de tempo até passarmos a noite a despejar rebuçados e gomas em sacos de pano.
Entretanto amanhã é dia de pedir o Pão por Deus, e a mesma escola que hoje se alegrou para festejar as bruxas, entregou uns saquinhos de papel, que devemos devolver amanhã repletos com doces para trocarem uns com os outros.
A confusão nas cabecinhas das minhas pequenas criaturas é notável. Afinal, se amanhã também se dão doces, é Halloween outra vez.
Deus me valha...

A vingança é um prato que se serve frio

Pensará a primeira mulher de Manuel Maria Carrilho.

terça-feira, outubro 29, 2013

Sobre as notícias que correm

Para dizer, que não faço ideia se a Bárbara dá na pinga, ou se leva no focinho, acho absolutamente triste e lamentável que se arme um circo deste tamanho à volta do caso. Acho ainda mais lamentável que o Carrilho fale da mãe dos filhos misturando na mesma frase palavras como silicone, botox e álcool. Shame on you Manuel Maria.

Quanto à lei que limita o número de animais de estimação nos apartamentos, pois que até acho bem, quem nunca entrou num prédio a tresansar a chichi por causa da velhinha que vive com dezasseis gatos, que atire a primeira pedra.
Saúde pública, caramba.
O que gostava de saber é como é que se vai controlar a aplicabilidade da lei. Vão andar fiscais a bater às portas a fazer inventário à bicharada? Ou vai ser mais no registo vizinhança queixinhas?



segunda-feira, outubro 28, 2013

A sair da casca

Migalha Mais Velha viveu até agora indiferente ao sexo oposto, ao contrário da irmã, que desde os três anos que colecciona paixonetas (primeiro o António, depois o Gonçalo e a seguir o Zé). Por todos os olhos brilhavam, a todos chamou namorados, ainda que dois deles nem sequer o soubessem.
Mas Migalha Mais Velha nada, completamente alheada aos encantos e à beleza dos meninos.
Até agora.
Pela primeira vez, vejo risinhos tontos e cúmplices com a irmã.
Mas não pensem que foi algum colega da escola que arrebatou o coração da minha Migalha. Nada disso! Migalha, está toda derretida por um dos adolescentes cantores da Violetta, e a cara de parva que ela faz cada vez que o moço aparece, faz-me lembrar a paixão assolapada que tive pelo Tom Cruise por alturas do Top Gun, e que metia posters da revista Bravo nas paredes do quarto e cadernos forrados com fotografias.



domingo, outubro 27, 2013

A ti que estás sempre em dieta

Um dia fui magra e depois fiquei gorda.
Gosto de dizer que foram as três gravidezes. Mas fui eu, que só vivia consoladinha de pança cheia vinte e quatro horas por dia, até me ter transformado numa espécie de leão marinho de sofá, redonda e opada.
Um dia fui gorda e depois fiquei magra.
Mudei os meus hábitos alimentares e comecei a mexer-me. Depois deixei de me mexer, mas mantive hábitos alimentares saudáveis. Perdi quinze ou dezasseis quilos, e assim me mantenho há cerca de ano e meio.
O que te queria dizer, a ti que estás sempre em dieta, é que já passei muita fominha ao longo da vida. Passei dias a comer maçãs, dias a comer só sopa, substituí refeições por batidos horrorosos. De todas as vezes voltei a engordar, porque toda a fome que passava era apenas suportável com a certeza que mal deixasse de parecer esférica ia voltar a comer alegremente toda a porcaria deste mundo.
Há dias em que me apetece um doce. E como. Há dias em que me apetece batatas fritas. E como. Há dias em que me apetece beber gin e vinho. E bebo.
O que não há, nunca houve, e nunca haverá, é um dia instituído como o "dia da asneira".
E digo-vos, que enquanto comerem espinafres e salmão grelhado animadas apenas pela ideia do dia em que voltarão a enfardar descontroladamente toda a gordura e todo o açucar do Pingo Doce da esquina, esqueçam, que nunca deixarão de ser gordas.

sábado, outubro 26, 2013

Querida Celia

Eu sei que a minha casa é complicada, mas de vez em quando convém ver o que se passa no cesto das batatas e das cebolas. Combinado?




sexta-feira, outubro 25, 2013

Ao cuidado do meu endocrinologista

Dr. Francisco, disse-me que uma da soluções de medicação é o iodo radioactivo. Se percebi bem, parece que se toma um comprimido daquilo, e durante uma semana, temos de estar numa espécie de isolamento, protegendo sobretudo, as crianças.
Ora pois, vi que fez um ar preocupado, ah e com três filhos pequenos talvez tenhamos que optar por outra solução de medicação, uma semana sem estar com eles e tal, deve ser complicado.
Querido doutor Francisco, que o senhor é tão bom médico que se vê a léguas...Nunca me tinham proposto um tratamento que fosse tão parecido com férias. Faça o que for melhor para a minha miserável tiroide, combinado?

Ressuscitei

Uma pessoa sabe que tem a tiroide toda fodida.
Uma pessoa sabe, que tem tantos nódulos, que parece o pinheiro de Natal do Colombo.
O médico diz-nos, que de seis em seis meses temos de vigiar, fazer ecografias, ver se nenhum dos nódulos se arma em doido e desata para ali a transformar-se em coisas sérias.
Ora toda a gente sabe que o tempo passa num instante, ah e tal já estamos no Natal,vê lá que parece que foi ontem, sabem como é. Passaram seis meses, depois um ano, depois mais uns meses e finalmente, a ecografia. A médica ecografista faz cara de poucos amigos ao que vê. Diz que temos ali uma "coisa" nova, que não estava nos outros exames. Diz que vamos precisar de biópsia, enquanto nos aperta o gasganete com o ecógrafo até ficarmos roxas. A médica só falta dizer que estamos tão fodidas como a puta da tiroide.
Uma pessoa sai dali desorientada. Arrependida. Porque não fomos ao fim de seis meses?  Porquê? Porquê. Porquê? No dia seguinte faz análises e à tarde recebe o resultado por mail. Não estão boas. É o fim.
Já falei algures da minha hipocondria. Que me mete doente mesmo sem o mínimo sinal. Então imaginem com alguém a torcer o nariz num exame clínico. Imaginei tudo, menos coisas boas.
Hoje fui à consulta com o meu médico. Não achou nenhum dos nódulos, com ar suspeito. Aliás, achou que até cresceram muito pouco. As análises requerem alguma atenção, um exame adicional, e eventualmente medicação. Confidenciou que a médica que fez o exame teve ela própria um grave problema de tiroide acabando por ser altamente sugestionada e alarmista (talvez esta senhora se pudesse dedicar mais a outras miudezas e menos à tiroide, não?)
Só vos posso dizer uma coisa: hoje, renasci dos mortos.

quinta-feira, outubro 24, 2013

Uma espécie de carta

Nunca fomos de conversar. Sempre fomos mais de não debater, não esmiuçar, não espremer os assuntos. Sempre achámos, penso que os dois, que não vale a pena o desgaste de estar sempre a discutir todo e qualquer acontecimento, até porque a maior parte deles, nem sequer eram assunto, e acabam por desaparecer.
Mas temos medo. Eu tenho medo. Insegurança. Vejo moinhos no alto de Santa Catarina. E tu também. Sabes que sim.
E talvez não tenha mal ter medo. E talvez não faça mal, falarmos sobre os nossos medos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, estás a ver? Não é preciso fazer uma dissertação teórica sobre cada passo que damos, mas talvez haja momentos em que mais vale dizer o que estamos a sentir, especialmente se isso nos estiver a provocar um sofrimento desnecessário, acessório e que nos desgasta mais do que nos poderia desgastar uma conversa ou uma discussão de vinte minutos.
Eu fico muitas vezes à rasca. Borrada. E nessas alturas fico na concha, disfarço o medo, atenta a cada movimento. Escolho o silêncio. Habituámo-nos a escolher o silêncio.
Mas alguém diz que o silêncio é um texto fácil de se ler errado, e não poderia ser mais verdade. O silêncio que muitas vezes escolho para tentar mostrar que tenho medo, não diz o que quero, e pior, diz coisas que não quero.
Parece-me que além de estarmos juntos na família, no amor, na vida, também estamos juntos no medo.
Tu podes aplacar os meus medos. Eu posso aplacar os teus medos.

Um controlo descontrolado

Uma mãe.
Uma filha de dezassete anos.
Pensos higiénicos. Aliás, dois,e apenas dois, pensos higiénicos disponíveis. Cada vez que o período aparece à filha, tem que pedir à mãe que reabasteça a casa de banho.
Porquê?
Diz a mãe, que se num mês a filha não solicitar o reaprovisionamento dos pensos higiénicos, é porque não tem o período. Se não lhe apareceu o período, o mais certo é ter engravidado. Se engravidou, há que tratar do assunto depressa.
Acham que esta mãe tem um problema de controlo ou está completamente descontrolada?


quarta-feira, outubro 23, 2013

Quando o pai pode trabalhar de calças de ganga...

O filho vê um homem de gravata na televisão e diz:
- Ola ali um lencho!

Ainda a roupa de Migalhas

Enquanto falava aqui de como Migalha do Meio é uma menina fora de moda, lembrava-me de como odeio a hora de escolher a roupa delas. Opto sempre por fazê-lo antes de as deitar, para de manhã não sentir ainda mais a pressão das horas (uma pessoa não vai para nova).
As minhas criaturas pequenas, mesmo que não andem com as últimas têndencias de moda infantil, também não andam de qualquer maneira. Não sou daquelas mães que agarram nas primeiras calças e na primeira camisola, lhes junta uns ténis, e já está, ainda que o conjunto das peças fique pavoroso. À vontade, não à vontadinha.
E então vou para os armários, e olho, e escolho, depois vou espreitar a metereologia, volto a meter tudo dentro do armário, começo de novo. Depois vejo pilhas e pilhas de roupa, mas já sei que mais de metade daquilo só serve à Migalha Mais Velha, e portanto a escolha para a minha Migalhinha do Meio é ainda mais complicada, até porque há roupa que lhe serve mas que a faz parecer ainda mais gordinha. Todos os dias me arrependo de não comprar a roupa em "kits" (ten points para esta frase), tudo certinho a condizer, iria facilitar-me e muito esta tarefa.
E por causa da escolha da roupa, cada vez adoro mais os dias em que há ginástica na escola e têm de ir vestidos já com os fatos de treino, não há nada mais simples, não há quase nada para pensar, essa sim, a roupa desportiva, foi estrategicamente escolhida, todas as calças ficam bem com todas sweat shirts, e tudo fica maravilhosamente com os ténis.
E assim, ao contrário do comum dos mortais, o meu dia favorito da semana é a segunda feira, único dia em que todos, todos os três, vão de fato de treino para a escola.
E isto faz-me ganhar mais meia hora de sofá no serão de domingo. Não é bom?

terça-feira, outubro 22, 2013

Negócio

Também gostava de ter um negócio daqueles de fazer colares, ou cupcakes, ou sabonetes coloridos. A sério. Ter as ideias, ir comprar os materiais, depois tirar muitas fotografias, alimentar a página do Facebook onde ia albergar o estaminé...
Mas infelizmente estou demasiado ocupada a ter um emprego a sério.

Migalha fora de moda

Bem sei que as meninas pequenas se querem de gola à Camões, de laço gigante na cabeça.
Ainda que não lesse blogues (bolas, e se os blogues falam disso), basta andar na rua, ir ao infantário, para perceber que é mesmo mesmo, o que está a dar.
Minha Migalha do Meio, grande que só ela, redondinha e anafada, veste roupa para dez anos. E digo-vos que, ou eu vou às lojas erradas, ou é muito difícil encontrar camisas e camisolas de gola à Camões para dez anos (não me mandem para Campo de Ourique, tudo menos isso).
Migalha não se rala, Migalha gosta de andar à vontade, gosta de roupa larga, não quer cá apetrechos pendurados no cabelo que não a deixam rebolar-se, nem coisas à volta do pescoço, e como percebe muito pouco de moda, é feliz assim. Ela sabe é que gosta de cores alegres e refila quando vê peças de roupa pretas ou castanhas.
No meu tempo, quando eu era assim miúda, também se usavam umas golas todas catitas, redondinhas e bordadas. Ainda hoje quando falo com amigas sobre a forma como nos vestíamos, lá vem a conversa da loja da Cenoura e das golas. Temo que daqui a vinte anos, quando amigas de Migalha estiverem a recordar as golas à Camões e os laçarotes de três quilómetros de tecido, ela não saiba bem do que estão a falar.
Mas quando ela falar das rodas e pinos no meio da rua, das correrias com os irmãos, temo que sejam elas a não saber do que está a falar.
Hoje o fotógrafo vai à escola. Lá lhe consegui enfiar um laçarote na cabeça, de ladecos, como se quer (tamanho considerável, ainda assim consegue manter a cabeça sem inclinação), mas tive de pedir à educadora, que por favor, por favor, garantisse que ela conservava o laço só até à hora da fotografia.
Afinal são as fotografias com motivos natalícios (uma pirosada  lindas, cheias de árvores e sinos e estrelas e laços de presentes) e pelo menos ali, que não esteja toda esgrouviada.
Se bem que a minha Migalha, mesmo com um fio de cabelo para cada lado, tem uma cara de anjo rechonchudo que é de se comer.
E a verdade é que gosto de saber que na hora de brincar, não há preocupações com a indumentária. Têm a vida toda para isso.



A minha casa é uma bagunça

Mas uma bagunça das grandes. Ainda a Célia (nossa querida indespensável empregada, vale cada euro que lhe pago) não entrou no elevador, e já há almofadas no chão, brinquedos espalhados por todo o lado, migalhas (daquelas do pão e bolachas) nos tapetes, gavetas entreabertas , portas de armários mal fechadas, tal como se há um par de dias que não houvesse arrumação.
Já nos habituámos a isto. Às coisas que não têm sítio. Às que nunca estão no sítio. Já percebi que existem demasiadas roupas e demasiados brinquedos para os armários que temos. Já me resignei a não ter paredes limpas pelo menos durante mais cinco anos, já sei que os estofos das cadeiras (felizmente amovíveis e laváveis) irão ter sempre nódoas do tamanho do Continente Europeu. Há uma bicicleta daquelas de ginástica estacionada no meu hall há anos. No hall, senhores, uma bicicleta de ginástica.
Eu faço o melhor que consigo. Apanho, arrumo em cestos e gavetas, dobro e penduro, ando com um saco a recolher papéis com desenhos (tanta obra de arte desperdiçada), arrebanho cuecas e meias e camisolas, tapo o tubo da pasta de dentes, fecho o tampo da sanita, mas a verdade é que é um trabalho extremanente ingrato, ainda os lençois da cama não se habituaram à condição de esticados e já lá está uma Migalha, ou duas, ou três, a rebolar-se.
Os meus pais sempre tiveram a mania das arrumações, da organização e das limpezas. Passei uma boa parte da minha infância e adolescência concentrada em não por os pés em cima dos sofás, desligar o gira-discos, limpar a retrete com o piaçaba, colocar a loiça na máquina. O meu pai parecia um fiscal, sempre atrás de nós, a dar avisos e alertas. 
Talvez eu agora caia no extremo oposto. Talvez seja demais deixar Migalhas comerem bolachas nos sofás, não as obrigar a limpar a pasta de morango que fica agarrada ao lavatório, deixá-las fazer o pino contra a parede de sapatos calçados. 
Quero muito que os meus filhos recordem sempre a minha casa como um lugar confortável onde podem estar à vontade, onde o bem estar deles é mais importante que os bens materiais, que cortinados e estofos e paredes alvas, mas deve existir aqui um meio termo que não estou a conseguir encontrar.
E depois há muita coisa que se estraga, há lâmpadas fundidas, há portas de armários que não fecham, há puxadores arrancados, há buracos nas paredes. A verdade é que Dito-Cujo, pouco dado à bricolage, não se agonia com o estado a que as coisas chegam. As que eu consigo resolver, de quando a quando, meto mãos à obra e lá trato, mas há outras, que simplesmente não consigo. 
Tenho a certeza que quando o meu pai entra em minha casa, até as entranhas se lhe revoltam. 
E é isto. Vivemos um bocado em modo acampamento.
Já vos tinha dito que queria um cão?

segunda-feira, outubro 21, 2013

Catequese

Aqui atrasado (trabalho com gente do Norte, pá) tinha falado de como lamentava ter abandonado a catequese quase antes de começar, de como desejava fazer a Primeira Comunhão, de como senti sempre que me faltava alguma coisa nesta minha relação com Deus.
Já tinha falado com o Prior aqui da paróquia, por altura do Baptismo de Migalha Pequeno, mas a coisa não se deu, e fui sempre adiando.
Pois é com orgulho, satisfação, alegria e o que mais quiserem, que anuncio aqui neste recanto da blogosfera, que chegou a hora.
E o melhor de tudo, é que não vou só. Vou com as minhas duas Migalhas, as minhas meninas (obséquio do Sr. Prior que deixou Migalha do Meio começar um ano antes para que pudesse fazer esta caminhada comigo e com a irmã). É um modelo de catequese familiar, vamos juntas, mas enquanto elas ficam com os outros meninos, os pais vão aprender sobre o que precisam de falar em casa, num modelo "mãe-catequista" muito giro.
No outro Domingo, foram com a "professora" e com os outros meninos para a missa. Eu, que sempre me comovi com multidões unidas em torno de qualquer coisa, ao vê-las ali, a cantar no coro da crianças, tão compenetradas do seu papel, emocionou-me até às lágrimas.
Acredito que nada aconteça por acaso. E que este era o momento exacto para mim. É como a realização de um sonho, a concretização de um desejo antigo, mas tão antigo que se tornou intenso.
Sei que nem sempre vai ser fácil, sei que vão aparecer espinhos no meio das rosas. Especialmente com Migalha Mais Velha.
Mas não vou desistir. Não enquanto os argumentos contra dela forem o levantar cedo, o não ver televisão, ou a eterna vergonha de conhecer pessoas novas.
Quem me dera que a minha mãe não tivesse desistido tão facilmente.



Alguém falou de dias cinzentos?

Não tenho nenhum problema com as segundas feiras. No meu trabalho, que não é de segunda a sexta nem das nove às cinco, a segunda tanto pode ser o primeiro dia de trabalho, como o último.
Mas tenho algo contra esta segunda feira. Contra este tempo cinzento. Contra a minha vontade de ficar entrolhada no sofá. Contra a falta de energia e de alegria. Contra o trabalho que devia fazer e não consigo.
Hoje saí de casa para ir trabalhar, e fui todo o caminho, mas mesmo todinho, a pensar voltar para trás. Ligar a dizer que precisava de meter um dia de férias. Vi em cada esquina uma oportunidade para encostar o carro, mas não o fiz. A cada cruzamento a vontade de apanhar um caminho para qualquer outro lugar que não aquele. Ir ver o mar. Encontrar um canto sossegado para ficar.
Mas passei todas as esquinas e todos os cruzamentos até entrar no parque de estacionamento, parar, sair do carro e ir trabalhar.
A produtividade é nula. Ainda que esteja a escrever este post na hora de almoço, e no conforto do lar. Vim almoçar a casa, não me apetece barafunda nem conversa de circunstância.
Há dias assim, longos, em que só quero que chegue finalmente a hora de ir para a cama rezar para que o dia de amanhã, seja pelo menos diferente.
E aqui estamos.
De volta ao registo lamechas.
That´s me.

Facebook

Desactivei a minha conta no Facebook.
Afinal já não estava a ser divertido. Demasiada informação pode ser cansativa. Especialmente a que não queremos nem pedimos.
É muita coisa a entrar-me pelos olhos dentro.
Mas está lá e a qualquer momento é só fazer login e escrever a password... Et voilá.
Também estou farta de logins e passwords. Passo o dia, inteirinho, a preencher passwords.
Que tempos os que vivemos...O que tanto tentamos proteger?


domingo, outubro 20, 2013

Uma espécie de poesia

Em corredores escuros
E de portas fechadas
Só passa o silencio
Em frestas alumiadas

As palavras que se calam
E na madeira se perdem
Murros e gritos que falam
O silêncio que não pedem

Quem se atreve a bater,
Quem quer tentar entrar?
Qual o barulho que acorda,
O que o silêncio quer calar?

O que escondem as portas,
Que segredos querem guardar?
Vai haver palavra,
Capaz de as derrubar...?

Mas de dentro uma voz
Fala baixo e em segredo
"As portas são pedaços de nós
 E escondem o nosso medo"














segunda-feira, outubro 14, 2013

Seu Jorge

Malta de Portimão e Guimarães, espero que tenham tido mais sorte.
Aqui, foi um looooongo bocejo.

sexta-feira, outubro 11, 2013

Reunião de Pais

Hoje foi a primeira reunião de pais com o novo professor de Migalha Mais Velha.
Eu tenho uma imensa tendência para me abstrair e distrair nestas coisas.
Começo a reparar na roupa, ou mala, ou cabelo de uma mãe, depois salto para o pai com ar super-totó, depois observo uma mãe mão-na-anca sempre a reclamar, apesar de ouvir muito mal o que diz. Ai que é a comida do refeitório, ai que as auxiliares são poucas, ai que as casas de banho estão sujas, ai, ai, ai.
De quando a quando faço um esforço para me concentrar, especialmente quando uma daquelas pessoas resolve fazer uma alongada exposição sobre tudo o que leu nos livros e que sabia, ah se sabia, que ainda um dia lhe iria servir para qualquer coisa.
O professor queixou-se. Que os meninos falam muito. Que falam uns por cima dos outros. Que se distraem com o afia-lápis. Que não sabem ouvir. E pediu a ajuda dos pais.
Ora bem, esta parte eu ouvi, e discordei em silêncio, (talvez tenha feito uma careta e tenha revirado os olhos).
Das duas uma: ou o problema é do grupo todo, e cabe ao professor impor regras, respeito, e saber controlar a turma (afinal, têm 7 anos, não irão estar sempre calados); ou o problema está concentrado em meia dúzia de meninos mal comportados, e nesse caso, fala individualmente com cada um dos paizinhos desses meninos e não vem fazer "apelos" numa reunião de pais.
E por essa razão, a menos que me diga que a minha Migalha é um elemento destabilizador, eu não a vou tratar como se fosse (até porque sei que Migalha-Super-Perfeita se porta bem).
Depois falou de um quadro com umas bolas verdes, amarelas e vermelhas, tipo semáforo, sendo que os alunos que se portam bem, fazem os trabalhos, chegam a horas, não falam alto, etc, etc, etc terão um monte de bolas verdes, e os insubordinados, um monte de bolas vermelhas. E frisou, que o objectivo não é "marcar" os piores, mas obrigá-los a esforçarem-se para colocarem bolas verdes.
E eu lembrei-me, que há trinta anos, a minha professora da primária tinha uns lacinhos feitos de fita de cetim, também vermelhos, amarelos e verdes, que se prendiam às camisolas com um pequeno alfinete d'ama. E lembro-me que eu, exibia de Outubro a Junho um lacinho verde, e havia meninos que exibiam no mesmo intervalo de tempo, um lacinho vermelho.
Os burros. Os preguiçosos. Os calões. Os das reguadas dia sim dia não.
O objectivo era o mesmo. Os meninos do lacinho vermelho deveriam esforçar-se para alcançar o amarelo ou o verde. Mas a verdade é que nem sempre as capacidades individuais de cada um ajudavam. E nem todos possuíam a competência de se auto-motivar, especialmente com um laço vermelho ao peito.
E pergunto-me, se este sistema de bolas é muito diferente, e se não irão existir crianças que nunca conseguirão melhorar mesmo que se esforcem.
E pergunto, se verem a linha em frente do seu nome a encher-se de bolas vermelhas, as vai ajudar em alguma coisa.
Mas isso sou eu, que não percebo absolutamente nada de pedagogia.
Sou apenas mãe.


Mantenham-se jovens

Sendo que para isso não precisam de usar os calções das vossas filhas de dezasseis anos.

quarta-feira, outubro 09, 2013

Esta miúda vai ser a minha desgraça...

Migalha do Meio:
- Mãe, o Cristiano Rónaldo (ler com forte acentuação no primeiro o) é bom?
-É muito bom filha, farta-se de marcar golos.
- Não...! Não é isso...  Se é giro. Quer dizer, se tu achas ele giro.
Só tem cinco anos...
Como se trava isto?  Alguém? Algures? Mães de meninas...Digam-me que é normal.
Please.

Snooze

A minha palavra preferida das 7h00 às 7h30.

terça-feira, outubro 08, 2013

Migalha-Chica-Esperta

 Migalha Mais Velha acordou bem disposta.
Bebeu o leite, comeu a torrada, como todos os dias. Viu televisão enquanto se vestia, e quando a deixei na escola, desapareceu tão depressa para ir para a brincadeira que quando olhei para o lado para lhe dar um beijinho, já nem a vi.
Estava eu a trabalhar há menos de duas horas toca o telefone. Era o número da sogra. Atendi, e do outro lado oiço um "olá mãe". Tive que fazer um exercício de três perguntas para perceber com qual Migalha estava a falar, absolutamente convencida que só poderia ser a do Meio, que acometida de doença súbita, tivesse sido deixada na avó por Dito-Cujo.
- O que se passa?
- Estou com muitas dores de barriga e a avó foi buscar-me à escola
- Como é que a avó soube?
- O professor ligou-lhe.
"Professor", foi a palavra chave que me permitiu saber que estava a falar com a Migalha que eu mesma entregara na escola duas horas antes.
Resumindo, madame Migalha diz (sim, diz) que ficou com dores de barriga, e que em vez de deixar o professor ligar para mim ou para o pai (números que constam na lista das pessoas a quem ligar em caso de necessidade), resolveu dar o número da avó, porque sabia que eu ou o pai iríamos dizer que uma dor de barriga, não era motivo para se vir embora da escola.
Ora pois, parece que passou o dia muito bem disposta, as insuportáveis dores de barriga desapareceram como que por milagre mal colocou o pézinho fora da escola, andou no laréu com a avó, que no mínimo, mas no mínimo, em vez de a levar a passear, a deveria ter obrigado a ficar todo o dia deitada no sofá e só a deixar levantar para comer canja e comer pão torrado seco.

Blackmail

 Ou greve, se preferirem.

O problema de se chamar Matilde

Uma colega do trabalho, daquelas que incluo no restrito grupo das cinco pessoas de quem até gosto, está grávida de uma menina, e anunciou ontem, via Facebook, que a bebé se vai chamar Matilde.
Ora eu gosto do nome Matilde, porque gosto, é bonito sem ser pretensioso.
Eu, e mais quinhentas mil mães deste Portugal.
O problema de se chamar Matilde, é que nunca será "a" Matilde. Vai ser sempre a Matilde Costa, a Matilde Barros, a Matilde Magalhães. Pelo menos durante os dezoito anos em que andar na escola. E se porventura, alguém se referir a ela como apenas e só "Matilde", é certinho que a pergunta que se segue é "qual Matilde".
A vantagem, é que não é preciso mandar bordar fraldas de pano, babetes ou lençois de banho.
Com o nome "Matilde" há tudo ao magote, pronto a levar. E parece que à dúzia é mais barato.

domingo, outubro 06, 2013

A culpa é da revogalidade das decisões irrevogáveis


Hoje cheguei a casa cansada. Estive a trabalhar e a coisa não me correu de feição.
E enquanto me atirava ao desafio que é tentar ter pelo menos uma divisão da casa habitável, pensava como a vida é feita de escolhas.
Algumas nem parecem quase uma escolha (o que compro para o jantar?), outras que podem mudar uma vida (mando o meu chefe... ou não?).
A cada opção, consequências. Algumas quase insignificantes ( não gosto de peixe cozido, não vou comer), outras, na devida proporção (ui, que carta é esta mesmo?)
A verdade, é que nem sempre estamos preparados para lidar com o resultado das nossas decisões, tantas vezes diferente do que antecipámos. A nossa fragilidade leva-nos a não decidir, ou escolher o caminho mais fácil, o previsível, o que não vai fazer mossa, o que adia todas as consequências.
Mas esta reflexão, para vos contar que hoje fiz uma escolha importante. Muito importante, para a manutenção da minha sanidade mental.
Hoje, decidi não entrar no quarto das Migalhas meninas.
E mesmo parecendo que encaixa nas escolhas de pequena monta, tal não é verdade. Esta escolha, feita em consciência  e no pleno uso das minhas capacidades intelectuais, permitiu-me ter uma total despreocupação com o que lá se passava. Acho que por breves momentos, quase me esqueci que aquele sítio existia, feliz e alegre na minha abençoada escolha.
Até à hora do beijinho de boa noite.
Com este volte face que comprometeu o objectivo inicial, não-ver-quarto-delas-sanidade-mental, aprendi uma lição que me pode ser valiosa para os tempos vindouros: devemos assumir as nossas escolhas como a opção correcta e levá-las até ao limite, sem olhar para trás.






sábado, outubro 05, 2013

A minha mãe está a Prozac...

A minha mãe está a anti-depressivos. E de baixa.
Poucas coisas seriam mais estranhas do que a minha mãe com uma depressão. Não que não tivesse dado sinais, que tinha. A irritação constante, as reacções exarcebadas a qualquer acontecimento, a choraminguice desadequada, as dores no pescoço, os dias em que não se conseguia levantar da cama (tonturas dizia ela, é coluna). A forma como reagiu à morte da própria mãe...
Estes estados, não são novidade na família. A partir de certa altura da vida, a minha avó oscilou entre o estado depressivo e o princípio de esgotamento, para voltar ao estado depressivo. Dizia-se triste, e assumiu a sua a tristeza como um estado permanente e irremediavel. Uma maneira de estar na vida.
Pouco fez para o mudar.
Ou talvez tenha feito vagas tentativas... Uma temporada num psiquiatra, uns calmantes que geria de forma inconsciente.
Sempre ouvi falar de angústias e ansiedades, e quando eu própria tive o meu momento, o psicólogo achou que seriam influências da minha avó.
Mesmo nos dias de grande alegria, numa noite de Natal, no meu casamento, no nascimento dos meus filhos, a minha avó ficava triste, como se a felicidade lhe estivesse vedada, como se não o merecesse.
A minha mãe nunca a compreendeu. No fundo, sempre achou que aquilo era um bocado de mania, uma escolha. Que não se animava porque não queria. Como se aquela depressão que se colou à própria mãe por alturas da menopausa, não fosse mais que um capricho.
Ela, graças a Deus, não tinha cá essas "maluqueiras".
Eu sim, eu é que tinha saído mesmo à minha avó. Mania das doenças, ansiedades, insónias, tristezas súbitas e inesperadas, vontade de chorar inexplicável, nada disso a atingia. À noite, deitava a cabecinha na almofada, e dormia o sono dos justos, cá preocupações, cá vontade de vomitar com os nervos. "Maluqueiras"!
Por isso é tão estranho fazer-me um telefonema para informar que o médico lhe receitou anti-depressivos. Para me dizer que não aguenta mais a pressão do trabalho, que aquilo já não é para ela (a minha mãe tem sessenta anos e é viciada no trabalho, no atingimento dos objectivos, nos prémios). Que está de baixa.
Caraças...A minha mãe de baixa...A anti-depressivos.
Com a "maluqueira".
Preciso de me habituar à ideia.


Must read

Sabemos que isto dos blogs ganhou alguma importância na nossa vida, quando entramos na H&M, vemos um expositor com um cartaz a dizer "MUST-HAVE-19.99€" e só nos conseguimos lembrar desta senhora!

quinta-feira, outubro 03, 2013

MM no seu melhor

Sogra:
-Xaxia, desculpa estar a chatear-te, mas estou a ligar para fazer queixas da Migalha do Meio. Hoje, vínhamos no carro, ela estava a escangalhar os sapatos, e eu e a tia T. a dizer para parar quieta, e ela que não, que podia estragar porque a mãe e o pai eram muito ricos, tinham muitos dólares que saiam nas raspadinhas.
Eu:
-Dólares? Mas como é que ela sabe o que são dólares? Deixe estar, vou falar com ela.
Ligo para casa:
- Migalha? É a mãe. Que história é essa de estragares os sapatos porque somos ricos?
- Ahhh, eu explico!
- Não há explicações, nós não so....
- Mãe, estou a ouvir muito mal! Não estou a perceber nada. Espera, parece que tenho que ir comer a sopa. Olha, tenho mesmo que ir, a Célia está a chamar para comer a sopa! Até logo mãe!
- Migalha!
- Pi pi pi pi pi pi