O maravilhoso header é cortesia da Palmier Encoberto. Quem mais?

quinta-feira, novembro 28, 2013

terça-feira, novembro 26, 2013

Já que Nossa Senhora não me vale...

Alguém me valha!



Minha Querida Nossa Senhora de Fátima

Eu sei que fui eu que fui até Ti, à Tua casa.
Eu que tanto agradeço todas as graças que recebo, desta vez fui pedir-Te para me ajudares na difícil missão que é educar crianças que venham a ser homens e mulheres como devem ser. A Ti que também és mãe.
Fui pedir-Te para ser melhor, mais carinhosa. Para conseguir educar na base do diálogo, sem gritarias, sem ameaças. Fui pedir-Te para me dares mais paciência, resiliência. Para ser mais compreensiva e calma, numa casa onde reine a harmonia e paz.
Para que consiga respeitar os meus filhos como pessoas, com vontade própria, com personalidades diferentes e vincadas. Para que consiga responder a essa diferença com amor e meiguice.
Fui pedir-Te para me ajudares a ser mais tolerante, oh se preciso ser mais tolerante...
Eu sei que fui, e que nem me chamaste, mas precisavas mesmo de me começar a por à prova desta maneira?
E logo numa segunda feira?

segunda-feira, novembro 25, 2013

Isto também é violência domestica

A nossa casa atinge um nível de desorganização tal, que agarramos nos quatro últimos dias de ferias do ano, e resolvemos tirá-los apenas e só com o propósito de arrumar. 
E então um dos dias é passado a organizar roupas e roupeiros, tira Verão, pendura Inverno, de lado para dar a quem precisa a roupa que não nos serve (no nosso caso está muito grande, é portanto positivo). 
No fim temos um roupeiro organizado, com base na teoria de uma coisa em cada lugar, um lugar para cada coisa. 
Mudamos sítio das calças de Dito-Cujo e avisamos que deixaram de estar ali e passaram a estar acolá, onde há espaço disponível. Dito-Cujo diz que sim, e parecia que estava mesmo a ouvir. Parecia, claro. 
Hoje, vejo todos os meus casacos largados em cima da cama. Pergunto qual o problema dos casacos. 
- É para pendurares noutro lado. Não estou para andar duas horas à procura das calças. 
Claro que tinha tirado os casacos do sítio onde o armário tem altura suficiente para eles, para colocar três pindéricos pares de calças que estavam no sítio que lhe tinha dito.
Tive um verdadeiro ataque de histeria. 
Querido e amado marido, quando tu perderes cinco minutos da tua vida a arrumar ou organizar alguma coisa naquela puta daquela casa, decides onde ficam as tuas calças. Até lá, o sítio delas é o que te indiquei. 
Estou certa que não voltas a esquecer-te. 

sábado, novembro 23, 2013

I'm sexy and i know it

Collants. Meias por cima. Camisola interior entalada nas cuecas suficientemente grandes para abarcar   camisola sem deixar entrar uma nesga de ar.
Calças, gola alta, botas, um poncho de lã.
How sexy is this?

Oh, que lindo o Inverno!

Que se lixe a visão romÂntica, da camisola de lã branca grossa, bas botas de pelo supé quentinhas, da lareira a crepitar, das bolachinhas de manteiga e das panquecas, do cházinho a fumegar. Cá comigo, é mais estar aflitinha para fazer xixi e não fazer porque que não me apetece despir as calças, é entrar no carro e por o ar condicionado a 25 graus, é dormir no sofá até às duas da manhã para não ter de largar a manta. É tomar banho de água a escaldar até ficar encarnada, e não por cremes nem mariquices, porque tenho um FRIO de morte. Ouviram, ou vocês que acham que o Inverno são renas do Pai Natal e paisagens bucólicas de neve: está FRIO!

quinta-feira, novembro 21, 2013

O melhor do meu dia

Descobrir que finalmente Migalhas podem começar a usar collants sem serem fashion excluídas.
É que já não aguentava aquelas pernas roxas, logo roxo que é uma cor que não vai bem com nada.

O dia em que constato

Que a malta dos blogues famosos também dá erros ortográficos.

terça-feira, novembro 19, 2013

Migalha do Meio, quem mais?

Mãe, quando for "alóin" outra vez podemos ir para um país onde se festeja o "alóin" fazer tortura ou travessura?

Aqui também se fala de nutrição

Digo-vos, que não percebo nada disto. Primeiro a queda do leite, depois que afinal comer ovos todos os dias não faz mal. Agora é o trigo o causador da nossa péssima nutrição, tão mau que nem todas as bagas de goji, nem todo o Pilates do mundo nos salvam.
Afinal as cetonas de framboesa não são o que foram todo o Verão, e a cura para os nossos excessos está no café verde.
Só falta a notícia que a cenoura não nos faz os olhos bonitos, para admitir que vivi uma vida enganada.

Nos caminhos da beleza

Esteve cá em minha casa uma senhora a fazer uma demontração de uns produtos para a pele. Coisa muito boa, tecnologia descoberta por cientistas da Nasa, desenvolvida por laureados com Nobel da Medicina, e patenteada pela empresa americana para a qual trabalha, razão pela qual são únicos no mercado. Únicos, ouviram bem?
E depois de quase uma hora numa de põe máscara tira máscara, creme, creme, creme, lá comprei dois produtinhos destes à senhora, afinal não é todos os dias que nos é permitido comprar o melhor do mundo, pois é?
E digo-vos, com estes produtos inovadores e exclusivos, capazes de acabar com borbulhas, pontos negros, rugas, enquanto equilibram o PH e hidratam, e mais os conhecimentos que adquiri no workshop de maquilhagem, sou bem capaz de ficar top!
Finalmente consegui usar a palavra.
Claro que se em vez de um mini e sub alimentado blogue, eu tivesse um blogaço, eu agora diria o nome dos produtos e a senhora (simpática, por sinal) deixaria cá em casa toda aquela tecnologia metida em bisnagas, mas de borla.

segunda-feira, novembro 18, 2013

Migalha Crescida e a autoridade parental

Hoje ligaram, pela trigésima quinta vez desde que entrou para escola primária, a dizer que Migalha Crescida estava com dores de cabeça. Ainda não houve uma única vez que isto acontecesse e que se verificasse que Migalha estava abatida, combalida, murcha. Nunca. Mal sai o portão da escola, passam-lhe todas as dores e más disposições.
Mas fico sempre na dúvida. E se...E invariavelmente, vou buscá-la.
Ora ela hoje está de castigo, proibida de ver televisão, castigo ditado pelo pai logo ao pequeno almoço.
Quando chegou a casa supostamente doente, perguntou:
- Ó mãe, quando um dos pais não está em casa, quem manda é o outro não é?
- Hum, hum...
- Pois, então se tu achares que eu posso ver televisão, mesmo que o pai tenha dito que não posso, tu deixas, não é?
- Televisão? Estás com dores de cabeça horríveis, não aguentaste estar na escola, a televisão faz  muito mal às dores de cabeça!
- Sim, eu sei, mas tipo logo, se estiver melhor.
Entretanto mandei mensagem a pai, a informar que Migalha estava fina, e que já tinha pedido para ver televisão, jogar Nintendo, iPad, etc, etc, e que eu não tinha deixado para ver se ela metia na cabeça que vir para casa é uma seca e que mais vale ficar na escola. Ele lembrou que estava proibida de ver televisão durante todo o dia de hoje.
- Olha Migalha, o pai já mandou mensagem a lembrar que o castigo está de pé.
- Sim...Mas o pai não está cá. Quem manda és tu, não é?
- Neste caso não. O pai deu um castigo, eu sei disso, ele lembrou-mo, e portanto, não vou contra o que o pai disse.
- Isso é injusto! Tu fazes tudo o que te mandam? És um robot ou quê?
Ou quê.

domingo, novembro 17, 2013

Chamem a polícia, que eu não pago

Ontem num restaurante do Colombo, onde tentámos jantar depois de levar Migalhas ao cinema, fomos tão, mas tão mal servidos e atendidos, que pela primeira vez na minha vida, disse que me ia embora sem comer e não pagava.  Ainda pedi para falar com o responsável, mas pasme-se, o gerente não podia sair da cozinha, onde estava entretido a empratar filetes-tipo-douradinhos ainda congelados.
Hoje, Migalha do Meio chora desalmadamente deitada na cama, porque não consegue adormecer e não consegue parar de pensar em coisas más.
E que "coisas más" são essas, perguntam vocês?
Pois...Podemos ir presos por não termos pago o jantar no restaurante de ontem.


sábado, novembro 16, 2013

Explosão de sabores

Tirar a pele à farinheira, juntar pedaços pequeninos de pimento vermelho, frigideira ao lume, brando.
Ao lado, cogumelos Portobello cortados em pedaços, não gosto deles laminados, cubos de bacon, muito alho, coentros, a fritar no azeite. O salmão temperado com sal, laranja e manjericão, regado com mel, por e tirar, mal cozinhado, como gostamos. Um paté. Aliás, um foie gras. Hum...Foie gras...Manteiga a derreter ao lume, uma colher generosa de açucar, maçã em lâminas até ficar caramelizada. Três variedades de pão, centeio, nozes e passas, alho. Tostas. Ovos mexidos, juntar à farinheira, vê-los a cozinharem na gordura, menos de um minuto, não deixar passar os ovos.
- Vinho?
Não, vou ficar pelo gin, está a saber-me tão bem.
E a comida óptima, e o gin óptimo.
Milka Choco Jelly, trouxe a avó, chocolate Milka com gomas, smarties e...pedaços de chocolate explosivo. Peta-zetas...?! Uau, igual! Estranho. Mas bom. Parece que tenho estalinhos a descerem pelo esófago. A língua está em ebulição. Ah ah ah, isto até custa a falar, bolas. Das peta zetas. Ou do gin, caraças.
Talvez esteja um bocado cheia para me deitar. Caraças, muito cheia, Mas tenho tanto sono...Será possível que estas dores de barriga sejam as peta zetas que estão a explodir nos meus intestinos? Ou serão cólicas. É pá...Isto não está a correr nada bem.
E ontem foi assim.
Até agora.
Alguém sabe durante quanto tempo explodem as peta-zetas? E como se pára isto?

sexta-feira, novembro 15, 2013

quinta-feira, novembro 14, 2013

Amuo

Alguém nesta vida me explique, quando é que o amuo deixou de ser uma forma infalível de resolver questões?
Porque está mesmo a ver-se que se uma coisa não corre como queremos, devemos recorrer ao amuo. O amuo, quando bem feito, deveria provocar no outro uma vontade incontrolável de resolver as coisas, só para ter o prazer de nos ver um sorriso ou ouvir a nossa voz. Até porque se sabe que quem amua, não pode desamuar sem mais nem menos, pois que o orgulho não deixa, pois que pode até parecer que amuámos sem razão.
E então, como o outro lado parece conviver alegremente com o nosso amuo, e não parece minimamente inclinado para nos pedir perdão pelo inconveniente de nos ter obrigado a amuar, resta-nos imaginar situações que passamos a desejar que ocorram e que acabem com a birra sem termos que dar o bracinho a torcer. A saber: o carro empanar no meio do caminho, irmos parar às urgências do hospital (nada grave, cruzes, pode ser só uma crise de ansiedade ou assim), alguém nos pedir para dar um recado urgente, darmos um trambolhão na banheira, ficarmos encravadas no elevador.
Como nada disto aconteceu e o amuo já dura há tanto tempo que preciso de fazer um exercício de memória para me lembrar exactamente porque é que PRECISEI de amuar, provavelmente vou ter que meter o rabinho entre as pernas.

Os dele, os dela e o deles?

Amiga, depois de um divórcio algo precipitado, está finalmente a refazer a vidinha, que é como quem diz, tem um novo namorado, está apaixonada.
Com os filhos de um e de outro, somam quatro criancinhas, que em plena fase de adaptação a esta nova "família", dão um trabalhão.
Mas amiga, que eu considero pessoa inteligente, esclarecida, emocionalmente estável, resolveu que o que precisa mesmo é de ter um bebé.
E sabem porquê?
Porque um bebé lhe dará outro estatuto, outra segurança. A tornará mais legítima na competição com a ex-mulher que tem esse papel soberano de "mãe das filhas".
A sério, como é que as mulheres ainda continuam a achar que um bebé prende alguém...
Perguntei-lhe se os dois filhos tinham impedido o marido de se separar. E se as duas filhas do namorado, o tinham impedido de despachar a mulher.
A insegurança é realmente uma coisa tramada, e muito, mas mesmo muito, má conselheira.
Venha lá esse bebé, mas com outra motivação que não essa.
Pelas roupinhas, por exemplo.

quarta-feira, novembro 13, 2013

Também tenho dúvidas

Será mito o que dizem, que os homens gostam de gajas boas de formas generosas, mas para casar escolhem uma boa mulher? Será que não são desculpas que inventamos para não manter o rabo rijo?
Eu sou uma boa mulher, caramba.

terça-feira, novembro 12, 2013

Migalhinha

Estamos nas orações da noite.
Sinal da cruz, agradecer o bom dia que tivemos a Jesus, oração do anjinho da guarda.
Nisto Migalha Crescida pergunta se alguém quer aproveitar para pedir alguma coisa ao Jesus. Diz o meu Migalhinha Pequenino: água!
Gargalhada geral.
Sai um copo com água.

E sobre as pilosidades do rosto

Bom...Para verem que levo muito a sério o que ensinam nos workshops, e que sei reconhecer uma careta condescendente perante umas sobrancelhas "ao natural", já tratei de me entregar às mãos de uma esteticista.
A partir de hoje, além de escrava das pernas, das virilhas, do buço, das unhas, sou também oficialmente escrava das sobrancelhas.
Conselho muito importante e que eu desconhecia em absoluto: jamais titar os pelos das sobrancelhas com cera. Os "puxões" da cera, "partem" o músculo que sustenta as pálpebras, que irá inevitavelmente descair e fazer-nos parecer ao fim de pouco tempo, com mais dez anos e com necessidade de bater à porta de um bom cirugião plástico.
E já que estamos a falar de pelos, e que já vi que tal como eu vivem na ignorância, fujam das extensões de pestanas. Parece que ao fim de pouco tempo o pestanedo começa a falecer, e aí, nada vos salvará o olhar.
Para mais dicas preciosas, inscrevam-se vós próprias num wokshop.



Confesso a Deus todo poderoso

E a vós irmãos que tenho 6 livros da MRP na estante.
Mas a minha culpa é atenuada. Há três que permanecem intocáveis e os outros três foram lidos antes dos vinte e cinco anos.

Tenho uma pergunta para vós:

Fazer como a avestruz, sim ou não?

segunda-feira, novembro 11, 2013

Xaxia também vai a workshops

Workshop de maquilhagem, cortesia de um fornecedor da empresa.
Adorei. E adoraria colocar aqui fotografias do antes e do depois, mas infelizmente não servi de modelo (só escolheram as feias, está visto).
O que gostei mais, foi descobrir que fazia tudo ao contrário. Que escolho um tom de base errado, que nunca, jamais em tempo algum, se põe sombra nos olhos sem máscara de pestanas, que é impreterível o corrector, que limpar a pele da cara de manhã é um grande disparate. Até a forma como mergulho o pincel no pó, em círculos, está errada...Ah, e se vocemessês possuem menos que uma dezena de pincés, esqueçam, estão longe!
E portanto não tomei notas, porque é só fazer precisamente o inverso do que fazia até agora para ficar linda e maravilhosa. Radiosa. Luminosa. E tudo o que queiram que acabe em "osa" desde que não seja "pirosa".

S. Martinho by night

Depois de vinte minutos na fila das castanhas do assador da rua (promessas de mãe), lá consegui três dúzias de castanhas.
Depois de jantar, comemos as castanhas (valeu bem a pena a espera, não tem nada a ver com aquelas que asso em casa), e enquanto elas se deliciaram com Bongo (podem mandar cinquenta litros por mor da publicidade), eu abri uma garrafa de vinho (já se sabe que S. Martinho rima com vinho).
E aqui estou, com as castanhas, com o vinho e com esta folha em branco que às vezes parece gigante...
Migalhas já rumaram à cama e portanto estou sozinha.
Mas em abono da verdade se diga, que quando não soubermos estar bem sozinhos, vamos estar bem com quem?

Hoje

E entro no carro e marca 25 graus, que me aquecem mais que o corpo, e conduzo com o rio à esquerda, só vejo uma nesga mas sei que está ali e isso basta-me, e o sol brilha e o céu está com aquele azul que não há em mais lado nenhum, e eu penso, que ninguém tem o direito de ficar triste num dia como o de hoje, numa cidade como esta.

Frustração é...

Ter as respostas certas e ninguém fazer as perguntas.

sábado, novembro 09, 2013

Ah e tal, que ganhe o melhor

E o melhor ganhou.

Sogra e as novas tecnologias

Sogra liga.
Mando SMS a dizer que estou em reunião.
Sogra devolve com mensagem no Viber. Ok...Percebi. Respondo no Viber.
Recebo mensagem final no Whatsapp.



Sobre a MRP nem um pio

Falei da mala da Pepa, dos pobrezinhos da Comporta, da Judite e do Lorenzo, da Barbara e do Carrilho. Sinto que devia ter uma palavra a dizer sobre a MRP. E não tenho.
Que estucha...

sexta-feira, novembro 08, 2013

Ser mãe é...

Ficar com a parte do frango que ninguém quer.

Comentário que inspirou um post

"Eu não sou avó, e muito menos sábia mas sei que um dia não vou estar cá para dizer ao meu filho coisas que quero que ele saiba, coisas que não quero que ele esqueça, e por isso aqui e ali, escondido dentro de livros ou entalados nas estantes, ou mesmo colados num albúm de fotos vou deixando bilhetinhos com mensagens que sei que ele um dia encontrará; confio no tempo (no destino?) para que ele os encontre no tempo certo, quando lhe forem mais úteis."

Sexinho deixou um maravilhoso comentário num post, do qual este é apenas um pedaço, mas foi exatamente este pedaço, que me deixou a pensar (a choramingar também, mas vá, vamos atribuir a culpa às hormonas).

Durante muitos anos não conseguia falar da minha morte. Achava que só por falar, já estava a dar azar. Jamais conseguiria planear o que quer que fosse a pensar no dia em que não estivesse cá. Admirava a coragem de quem fazia testamentos, arrepiava-me com os funerais pagos em vida, com a mãe de uma amiga que tinha o vestido com que queria ser enterrada sempre arranjado.
As coisas mudaram. Já não penso assim, e sobretudo, já consigo falar disso com aquilo que considero alguma naturalidade. 
Já pensei muitas vezes em escrever cartas para cada uma das pessoas que gosto receberem se eu morrer, já vou de vez em quando dizendo o que quero que façam ao corpo, tenho um seguro de vida (um a que não fui obrigada pelo banco, claro). 
Mas esta ideia dos bilhetinhos escondidos na esperança que alguém os encontre no momento certo, é absolutamente maravilhosa, e muito sinceramente, estou a pensar copiá-la descaradamente.
E não sei qual foi o momento em que comecei a conseguir lidar com a ideia de que um dia vou morrer. Quer dizer, não sei qual foi o momento exacto, mas parece-me que tem tudo a ver com os filhos, com a existência de descendência, com o conforto da continuidade de nós noutras pessoas, uma continuidade efectiva, física, que vai além do permanecer no pensamento e essas tretas que podem acontecer ou não.
E com isto quero dizer, que no meu caso, os meus filhos além de terem dado um sentido verdadeiro à minha vida, também me ajudaram a dar sentido à morte, que obviamente espero que só aconteça daqui a uns cem anos, se não puder ser mais (sabem lá, a medicina está muito avançada!).

As dietas e blá blá blá

Estava aqui a ler sobre dietas e perdas de peso (coitadas das pessoas que passam a vida a lutar contra metabolismos baixos, contra genéticas desfavoráveis, contra tiróides traiçoeiras) e lembrei-me da minha primeira gravidez. Foi o momento de viragem,  de magra passei a gorda, estado que adoptei não durante nove meses, mas durante cinco anos.
Sempre que me lembro de como engordei naquela gravidez (na segunda também, não aprendi a lição), lembro-me dos lanches de fim de tarde:  panquecas, scones com doce de morango, bolachas de manteiga. Litros de chá. Com quilos de açucar. Era uma grávida gorda e feliz.
Depois Migalha nasceu, e descobri que tinha passado a vestir o 44. Mas nem por um momento culpei o metabolismo, a tiroide ou os genes gordurosos da família. Nem sequer culpei aquela Migalha franzina que nem três quilos tinha (como é que de uma barriguça daquelas só saía aquilo?!).
Eu tinha escolhido comer porque o prazer que a comida me dava então, compensava aquele pequenino inconveniente de ter passado a ser uma marmota. 
Meninas, ser gorda não é (na maior parte dos casos) uma fatalidade. É uma escolha. 
Como é que diz a sabedoria popular? Perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe. 
Agora ide, ide comer papas de aveia, tomate cherry e salmão braseado, que o fim de semana está à porta e já se sabe que é quando a tiroide fica mais preguiçosa. 

Migalha

- Mãe, este carrinho das bonecas é para dar uma menina que não tem brinquedos?
- É.
- Ai mãe, ainda bem que te preocupas com os outros. Eu também me preocupo tanto!
E é mesmo verdade. É assim a minha Migalhinha do Meio. Coração gigante.

quarta-feira, novembro 06, 2013

Lei de Murphy mas ao contrário

Uma promessa de almoço a Migalha Crescida às 12h30. Um agendamento para fazer o cartão do cidadão às 13h45. Aparentemente tinha tudo para correr mal. Já se sabe que os putos farejam a pressa, sabem quando os estamos a querer despachar, e é nessas alturas que são acometidos de sono, dores de barriga, vontade de fazer xixi. Era exactamente o que eu pensava que ia acontecer, e até já ia meio convencida que ali ao cair das 13h30 tinha que ligar a remarcar para outro dia. Mas ele há dias em que parece que as coisas andam sobre carris, ligeiras, sem atrito, os acontecimentos sucedem-se com uma coordenação impecável, nada demora nem mais um segundo do que é suposto demorar. Hoje foi assim. Migalha saiu à hora a que é suposto sair das aulas da manhã, aceitou o primeiro sítio que sugeri para almoçar, aceitou caminhar até lá sem fitas, comeu num instante, voltou para a escola muito antes da hora, contente por ainda ter tempo para brincar. Eu enfiei-me no carro, tinha exactamente 15 minutos para ir de Entrecampos até às Laranjeiras. Eu sou péssima com caminhos, e o mais garantido é ir pelos que conheço mesmo que seja mais longe, porque perderei de certeza menos tempo. Mas o telefone tocou, e era Amiga de Sempre, e blá blá blá, e vou conduzindo, quando dou por mim estou na Praça de Espanha e não faço ideia como chego às Laranjeiras, viro para a direita, tal como podia ter ido em frente. Os semáforos estão todos verdes, e mesmo com todas as greves não há trânsito, só eu e o meu carro (que não é alemão, sorry). Lá digo a Amiga que acho que estou meio perdida, e digo-lhe o nome de uma rua que fica ao meu lado direito enquanto conduzo sem saber sequer se estou mais próxima ou mais longe do destino (sentido de orientação zero) e ela pergunta se estou a subir ou descer, cum'camandro, como é que Amiga de Sempre conhece aquela rua de que eu nunca ouvi falar, e percebo que acertei e de forma quase milagrosa virei para o sítio certo. Então recebo coordenadas pelo telefone, até avistar os prédios rosa velho da loja do cidadão, e viro, e tenho um lugar ali mesmo a jeito, são exactamente 13h44. Procuro o sinal de proibido estacionar, de tão estranho que é estar ali aquele lugar gigante, desocupado, à minha espera, mas não está sinal nenhum, e o universo estava de tal forma colaborante, que até os arrumadores estavam distraídos. Cheguei a horas e em menos de dez minutos tinha entregue o BI caducado, o resto dos cartões, tinha tirado uma bonita fotografia, tinha ouvido um comentário à "facada" que tinha num dedo (impressões digitais em dedos que se cortaram com canivetes de enxertia) e tinha um papel para assinar a confirmar que estava tudo certo. Dez minutos! Tão perfeito que tinha vontade de sair à rua a defender os funcionários públicos, que trabalham céleres e bem e....e... Até que olho para o papel. O meu apelido de casada estava errado. Uma letra trocada. Umazinha. E aquilo já vinha da certidão. E era um problema que talvez não se conseguisse resolver. Talvez a coordenadora. E a senhora "só um bocadinho que já volto", e desaparece com o ar preocupado que o momento exigia. E eu com cara de quem já sabe que não se lançam foguetes antes da festa.A imaginar todos os sítios que ia ter de percorrer para conseguir uma certidão com o nome correcto. Ao fim de pouco tempo a senhora volta, e desata a imprimir papel, e dá-me papel para assinar, e manda-me escrever coisas, "declaro que...", e ali em menos de meia hora tenho um processo de espessura considerável numa pasta. E um aviso que valeu por três (porque foi repetido três vezes): não levante o cartão sem confirmar o nome. Se estiver errado eles que consultem o processo. Está aqui tudo. É muito provável que se enganem, que não reparem. Pois eu vou ver com atenção, claro que vou, mas espero que ao agarrarem num processo com mais vinte folhas do que todos os outros, se faça luz naquelas cabeças. Vamos ver. Depois digo.

Saudades do fundo da gaveta

Hoje, enquanto procurava um envelope numa gaveta, encontrei um postal da minha avó. Um postal que não me lembro de ter visto, nem de ter lido. Um postal que fala de amizade, de desencontros, de como sou importante para ela, de como o passado não importa, apenas os nossos sonhos. As crianças, sempre as crianças. A minha avó adorava os meus filhos.
O postal só pode ter sido escrito num qualquer aniversário, e vinha de certeza acompanhado de dinheiro que guardei, sem sequer o ter lido. E o postal tinha uma mensagem, e eu não sei de quando é, porque nem sequer tem data, e de certeza que foi escrito à espera de uma qualquer reacção, por muito simples, que não tive, porque o ignorei, como ignoramos quase todas as coisas que temos como certas na vida.
Talvez tivesse que ser assim. Talvez aquele postal tenha hoje uma importância que não teria tido na altura, porque naquele dia em que me foi entregue, nem sequer sonhava a falta que me ia fazer, não sonhava as saudades que ia ter. Não podia imaginar que não passasse um dia sem que me lembrasse dela.
Mas está a ser dificil pensar que me abriu o seu coração daquela forma, com uma mensagem tão clara, (ela que tinha tanta dificuldade com essas coisas da clareza de pensamentos) e que eu o ignorei.
E por isso estou num misto de alegria, porque o encontrei e porque escolheu aquele postal e escreveu aquelas palavras, mas muito triste, em frangalhos, por não o ter lido à sua frente quando mo entregou. De não lhe ter dado um abraço gigante. De não lhe ter dito que a adorava. Que ela também era muito importante para mim.
Posso dizê-lo agora, e digo-o mil vezes. Mas não sei se me ouve. Também o disse muitas vezes quando estava doente, e até morrer. Mas nem aí tenho a certeza que me tenha ouvido, ou compreendido, trancada naquele corpo inerte com um cérebro inundado de hemorragias.
Talvez isto tudo seja uma grande lição. Talvez venha a ser.
Hoje está a ser só incrivelmente doloroso.


segunda-feira, novembro 04, 2013

O meu bairro é melhor que o teu

Vivo num bairro. Num verdadeiro bairro.
Como em qualquer bairro que se preze, há o mercado e os supermercados, há farmácias, há lojas daquelas que já não abrem em quase nenhum bairro. Há o canalizador, o sapateiro, o serralheiro, a retrosaria com mais de mil botões coloridos. Há a vidraria, as churrascarias, muitas pastelarias, cafés e restaurantes, alguns com mais anos do que eu. Há lojas de congelados, frutarias, e talhos...tantos talhos!
Há o senhor que faz roupeiros e o senhor que faz chaves. Há a senhora que faz arranjos na roupa. Há o fotografo, os cabeleireiros, onde ainda há a menina que só lava cabeças e varre os cabelos do chão, a que só faz tintas, a que atende telefones, há muitas ourivesarias, como se a crise não tivesse chegado ao bairro.
Há a escola de condução, as escolas-escolas, a clínica onde se fazem as análises, a loja de animais com consultas veterinárias, a funerária com os seus santinhos.
Há lojas de roupa, sapatarias, até há uma só de crianças.
Há os bombeiros onde as crianças vão à natação, e o clube, verdadeiro clube de bairro, com o seu judo, ballet e ginástica. Há a igreja, onde os meninos vão à catequese, e o grupo de escuteiros. Ao domingo enche três vezes.
Também há coisas mais modernas, há a Padaria Portuguesa, há uma Pastelaria Francesa, uma loja de tatuagens, lojas chinesas, loja de artes com aulas de pintura, há o McDonald's, a pizzaria, um ginásio moderno, e até no clube já há aulas de Zumba. Há uma loja que vende missangas e contas e anjinhos e mil peças para fazer colares e pulseiras, uma loja de costura com workshops. Até já há uma daquelas lojas que vende perfumes low cost e outra só para arranjar mãos e pés, um spa, um supermercado de produtos biológicos.
Viver num bairro como este é estar sempre a encontrar caras conhecidas. No café, na reunião da escola, no sarau de fim de ano, na fila do supermercado, na igreja. É ir a todo o lado com o carro estacionado à porta de casa.
E digo-vos, que já não quero outra coisa.