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domingo, abril 26, 2015

Ao cuidado dos defensores de movimentos contra as corridas de toiros, especialmente os que são campeões nas redes sociais

Meus senhores e senhoras, fiquem-se aqui com a opinião de alguém que não gostando de touradas, também não defende que acabem, que é como quem diz, fiquem-se com a opinião de alguém como a Suiça, não sei se estão a ver.
E portanto, tomem em jeito de conselho, quatro ou cinco pontos para reflexão.

Em primeiríssimo lugar: estão a tentar acabar com uma tradição. Concordem ou abominem, tem vários séculos de existência em vários países, Portugal incluído. Milhares de pessoas no nosso país gostam de touradas, vão às praças, e organizam mil e um eventos à volta do toiro bravo, nomeadamente feiras e festas populares, também elas com séculos de existência. Portanto, por muito que achem cruel e bárbaro, não basta chegar e dizer vocês estão errados, vamos lá a acabar com essa merda. Vão precisar de paciência, perseverança, capacidade de argumentação e inteligência a passar a mensagem.

Em segundo lugar: não caiam na tentação de achar que os aficionados são as senhoras loiras cobertas de dourados que se passeiam às quintas à noite no Campo-Pequeno, e que quase sempre proporcionam bonitas fotos nas reportagens da Caras. Há milhares, milhares de aficionados espalhados por todas as classes sociais, especialmente nos meios mais rurais e nas cidades da provincia.

Em terceiro: não se esqueçam que estas mesmas pessoas desses mesmos meios rurais, a quem também deverão convencer, têm uma relação diferente com os animais. Não põe nome aos coelhos, não chamam memés aos borregos, e os cães são quase sempre animais de guarda que não dormem com eles na cama. Matam porcos, e galinhas, e leitões bebés cor de rosa, e não é por isso que são más pessoas. Criam animais para comer e não se agoniam com o sangue. Ponto.

Em quarto lugar: se querem que aqueles que como eu têm uma posição mais ou menos indiferente ao caso, assinem petições e se solidarizem com a vossa causa, evitem chamar assassinos, homicidas, bárbaros, carrascos e outros mimos a quem defende a continuidade das touradas. Fica-vos mal, tira-vos credibilidade, além de poderem estar a ofender o vosso cordial vizinho de cima, o porreiraço que trabalha na secretária ao lado, ou o médico dos vossos filhos. São eles realmente más pessoas por serem aficionados? De certeza que é isso que lhes querem chamar cara a cara, ou ficam-se pelos comentários no facebook?

Em quinto, e na sequência do quarto ponto:  desejar a morte a uma pessoa, seja ela toureiro, forcado, bandarilheiro ou qualquer outra coisa que se possa ser lá pela arena, ou dizer que se fica contente quando alguém fica estropiado para sempre, como li nos últimos dias, é de uma agressividade, de uma crueldade e de uma violência, muito maior e muito mais grave, que cinquenta pares de bandarilhas no lombo de um animal. Coitados daqueles para quem a vida de um animal, vale mais que a vida de uma pessoa (e escusam de vir com os pedófilos, com os psicopatas e com o Estado Islamico, estamos a falar de alguém que exerce uma actividade que por enquanto é legitima e legal). Esse tipo de "desabafos" em público, faz mais pela continuação das touradas que dez praças cheias, além de só poder envergonhar os movimentos que supostamente integram.

Por fim: a vossa causa tem argumentos bons, muito bons, diria mesmo que tem os melhores argumentos nesta divergência que vos opõe aos aficionados. É usá-la em campanhas de sensibilização, especialmente dirigidas a crianças e jovens. É fazerem petições, procurarem apoio de figuras reconhecidas na sociedade portuguesa.  E é serem coerentes. É não ir ver o Festival do Panda, nem o Cats ao Campo Pequeno, evitar os casaquinhos e as carteiras de pele genuína, e já agora, não ter cães gigantes fechados doze horas por dia em apartamentos de 90 m2.

13 comentários:

  1. Eu também sou um pouco como a Suíça. Mas pessoalmente não consigo ver a tourada.
    Mas lá está, fui criada na aldeia. A minha relação com os animais é completamente diferente da do pessoal da cidade.
    Por exemplo, não compreendo quererem também acabar com as vacadas. Tem lá coisa mais engraçada que ver meia dúzia de bêbedos levar com os cornos e a maior parte das vezes ficar sem as calças?
    Outra coisa que a maior parte das pessoas da cidade nãocompreende é por exemplo a minha mãe não alimentar completamente os gatos. Sim, vários gatos 4/5, é que para a minha mãe não são bichinhos para fazer festas, ela até nem gosta por aí além de gatos. Mas é assim que mantém os currais livres de ratos, logo os gatos não podem ter o bandulho cheio que é para poderem ir à caça. E olha que pelo número de bichos mortos que aparecem no tapete de entrada da minha mãe os gatos gostam mesmo dela.

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  2. Concordo xaxia. Eu assinei esta última petição que se prendia com fundos públicos para a tourada e não popriamente pela sua proibição. Dou-med desde pequeno com pessoas que gostam de touradas. Os únicos aficcionados que realmente me fazem confusão são "agrobetos" alfacinhas católicos wanna be porque aí é mesmo uma coisa de casta social que é mantida para nada.

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  3. Não sou pelas touradas porque acho mesmo cruel espetarem coisas ao bichos, mesmo sendo tradição. Agora, não insulto as pessoas que acham piada, não consigo fazer delas amigos/as porque com frequência são - como disse o Lourenço Bray- "agrobetos alfacinhas católicos wanna be" e para isso não tenho pachorra. São os únicos aficcionados que alguma vez conheci.

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  4. Fujo de taradinhos pelos direitos dos animais. Mas fujo mesmo. Não consigo, nem quero, lidar com pessoas que não têm qualquer dúvida na hora de escolher entre um animal e um humano.

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  5. Xaxia, concordando com muito do que diz (é verdade que há muita gente que perde o bom senso nesta questão) e entendendo que temos tendência a generalizar, quando escrevemos posts, não me leve a mal o comentário que lhe vou deixar.
    Relativamente ao ponto 3. As pessoas nos meios rurais também põem nomes aos animais e muitas delas, felizmente no meu entender, não gostam desse tipo de espectáculos. Na verdade, é nas cidades que tenho encontrado mais aficionados.

    Relativamente ao ponto 4. Ser indiferente a algo é permiti-lo, que não sirva de desculpa mais tarde para se dizer que não se era a favor. Quanto à tomada de decisão, não me parece que isto seja assunto de partes, a decisão é de cada um, deve ser tomada por si, com conhecimento dos factos. Se para alguns um touro é apenas um mamífero com cornos e aquilo até diverte, enquanto forem permitidas, que as vejam, que gozem o espectáculo. Afinal sofrer faz parte da vida. Ao contrário dos radicais, tenho a certeza de que muita gente que vibra com a tourada, trata bem os seus animais domésticos.

    Há muitas maneiras de olhar as coisas, normalmente optamos sempre pela mais fácil. Infelizmente é assim. Poucos aficionados conhecem os bastidores do espectáculo, preferem não saber.

    Bom domingo a todos e obrigada pelo post. Com respeito, tudo se discute.

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  6. E quando as pessoas sabem argumentar e são educadas escrevem textos como o deste post. Gostei! Parabéns! Também não ligo nada a touradas mas, os meus avôs ligavam e concordo plenamente que apesar de me fazer impressão as touradas e vê-los a querer assistir quando dava uma na tv não é por isso que são más pessoas. Lá está, como escreveu eram pessoas que foram educadas a criar animais para comer.

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  7. Pipocante Azevedo Delirantedomingo, 26 abril, 2015

    Eu sou contra as touradas, as lagostas suadas, e enguias "amandadas" pra dentro de água a ferver ainda vivas.
    Cortem com os visons, as botas de camurça, as carteiras de pele.
    Abaixo a chanfana, o coelho à caçador, e a cabidela de galinha.

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  8. Pipocante Azevedo Delirantedomingo, 26 abril, 2015

    Alguém perguntou ao cavalo se lhe apetece andar a acartar com tipo de chapeu ridículo enquanto saltam obstáculos?

    E consaguinidade dos canitos, a bem do pedigree? Vale?

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    Respostas
    1. Porque não entra o homem na arena sem qualquer outro instrumento que não as suas mãos?
      Porque se escuda covardemente em cima de um cavalo? Porque leva espetos para espicaçar o touro? Porque deixa o touro atacar o cavalo?

      Eu sou totalmente contra os maus-tratos dos animais. Sejam os animais enjaulados nos zoo´s, sejam as competições "pipis" de obstáculo, sejam as touradas.

      Mas não acha estrado PAD ter que defender um acto utilizando o exemplo de outro?
      Não vale por ele próprio? Não é "defensável"?

      A única coisa que a meu ver é humana e justa na arena é aquele momento dos forcados portugueses (quando eles não tem os espetos com eles). Homem contra bicho. Sem atrocidades, sem sofrimento, sem nada [talvez uns ossos partidos ou umas nódoas negras mas essas só ficam em quem vai para lá voluntariamente].

      Sou contra os maluquinhos dos defensores dos animais mas, para mim, defender algo que causa o sofrimento de um animal é injustificável. Uma coisa é matar, de forma rápida e eficiente, para comer, outra completamente diferente é matar, de forma lenta, deixando o animal sofrer horrores para que os espetadores fiquem deliciados. Faz-me lembrar outro tipo de arenas, que também eram "tradição"- aquelas onde se colocavam humanos a lutar uns contra os outros, contra leões e afins... o objectivo era o de alegrar as massas e ninguém se incomodava também com a morte desses humanos.*


      *deixando a devida ressalva entre seres humanos e animais, simplesmente os animais também sentem dores.

      Não desejo a morte ou horrorres a quem os faz a nenhum animal (também não desejo a morte ao homem que matou o Simba, nem a morte aos donos que atiraram o cão preso com um calhau da ravina) mas para mim os tauromanos inserem-se na mesma categoria dessas pessoas - o crime, para mim, é o mesmo. Assim como a atitude.

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  9. Xaxia, mas porque é que não chamamos os bois pelos nomes? A tourada é um ato bárbaro, desnecessariamente cruel. Querer terminar com algo assim não é querer evoluir?

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  10. De todos os argumentos, a meu ver o pior é o da tradição. É que por essa via, todas as tradições seriam para manter, só porque sim, porque as pessoas noutras épocas desenvolveram determinadas práticas.
    Estariamos aqui a excluir um factor importantissímo na avaliação da tourada e na relação com todos os elementos que ela envolve: o conhecimento.
    A evolução do conhecimento permite-nos hoje em dia observar um factor cultural sob outro prisma e esse não pode pactuar com um espectáculo sangrento como é a tourada.

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  11. mas há homens que entram na arena sem mais que as suas mãos e a sua enorme coragem são os forcados!

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  12. mas há homens que entram na arena sem mais que as suas mãos e a sua enorme coragem são os forcados!

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