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quinta-feira, abril 02, 2015

Badoca Safari Park

Acho que a nossa geração de pais, e não falarei por todos mas sei que falarei por uma boa parte, padece do medo de ver os filhos entediados. Procuramos sempre programas e programinhas para fazer com eles, lemos a "Estrelas e Ouriços", acompanhamos as estreias dos cinemas, vibramos com a perspectiva de um parque de diversões, uma peça infantil, um concerto, um circo, ou até uma feira com um carrossel e uma barraca de farturas. Quando aparece o sol andamos entre parques, jardins, praias e piscinas.
As nossas criancinhas, treinadas que estão nesta corrida desenfreada para tornar cada dia numa experiência qualquer, mal acordam e já estão a perguntar "então o que vamos fazer hoje?"
Cá por casa ainda nos falta fazer muita coisa, mas esgotados que estão o Jardim Zoológico e o Oceanário, resolvi ir passar o dia com eles ao Badoca.
Achei o parque giro, as pessoas simpáticas (ou não fossem alentejanos). Talvez chamar-lhe "safari park" seja um pouco pretensioso, afinal o safari são quarenta minutos num atrelado de um tractor, mas estava sol sem estar demasiado calor, e entre a alimentação dos lémures, um almoço ranhoso (se lá voltar levo comida, tem muito espaço para picnicar), o dito safari e um espetáculo de aves de rapina (o melhor do parque para mim), mais uns primatas e  umas aves exóticas e umas cabrinhas anãs (fofura, pá), o dia passou que foi uma maravilha.
Estarão vocês a pensar, que as crianças deliraram, ficaram malucas com as zebras e as girafas e com a chichoca gigante da avestruz, mais os filhotes bebés dos antílopes, não é?
Pois, não.
Vejam bem, que a única coisa divertida que elas viram no parque, foi a única que não as deixei fazer porque iam ficar todas encharcadas: o rafting. E não, não estou a exagerar. A resmungar porque a ilha dos primatas ficava longe e estavam cansadas, o que me disseram foi " a única coisa divertida não deixas fazer".
Digo-vos, esta geração de crianças é muito difícil de contentar. E é muito dificil de contentar, porque são muito dificeis de surpreender. Entre a televisão, a internet, e os mil e um sítios onde os levamos, já pouco os encanta ou maravilha. 
O que noto aqui nas minhas Migalhas, é que a observação pura e simples de alguma coisa não lhes diz quase nada, ainda que seja uma girafa a menos de um metro. Querem mexer, tocar, provar, escorregar, subir, mergulhar, pular de alguma coisa ou em alguma coisa, tentar.
Claro que depois ficam com memórias boas, e falam dos lémures bebés agarradinhos às barrigas das mães, e da arara que quase bicou o Sancho, e do cheirete que deitava o dromedário, mais a ave que tenta matar um lagarto de peluche a atirá-lo contra as pedras vezes sem conta, mas enquanto estão no sítio, naquele exacto momento, parecem quase tão entediados como se estivessem em casa a ver televisão e a fazer desenhos. 
Claro que Migalha Crescida, que apesar de ter apenas nove anos me parece estar a entrar numa espécie de pré-adolescencia precoce, é a pior neste aspecto, mas o problema está bastante massificado cá por casa.
Por causa das tosses, nesta Páscoa já não vão a mais lado nenhum. Andam de bicicleta, lancham waffles feitinhas em casa, brincam às papinhas de terra e farinha, e se estiver solinho, talvez os leve à praia. 

14 comentários:

  1. partilho a sua dor em relação ao Badoka, pelo mesmo dinheiro Zoo e é muito melhor.

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    1. O Zoo está óptimo, sim. O Badoca valeu pela tranquilidade. Poucas pessoas, muito espaço.

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  2. Ainda no outro dia comentava com Mr Mirone que parece que temos medo de as entediar. Há pouco tempo tivemos uma sobrinha a passar o fim de semana connosco. Programámos idas à praia, lanches piqueniques, passeios aventura, cinema, almoçámos e jantámos em restaurantes diferentes, tudo para as manter interessadas. Claro que adoraram. Claro ue eu achei cansativo. Se tivesse chovido teriam feito bolachinhas, pintado aguarelas, brincado aos chás e às princesas. Ficariam felizes e eu om a casa de pernas para o ar e cansada. Conluo que um pouco de borrecimnto não lhes fará mal, antes pelo contrário. Tornar-se-ão mais inventivas e apreciarão mais os outros momentos.
    Felizmente tenho uma pequena deslumbrada em casa, gosta de tudo. Se a quero ver feliz levo-a a castelos, museus e igrejas ( de preferência barrocas, cheias de dourados e muito b ling-bling).

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    1. Será que tudo se resume à nossa insegurança como pais? Medo que a infância não seja suficientemente interessante, marcante, divertida?

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    2. Não sei se insegurança é a palavra certa. Penso que terá a ver com projecção. De algum modo os pais acabam por se projectar nos filhos. Ei tive uma infância absolutamente feliz, com irmãs e rodeada de primos. Brincámos até à exaustão, viviamos praticamente na rua e em casa uns dos outros. Nas férias inventávamos tudo e mais alguma coisa, clube de detectives, um jornal, um parque de diversões, uma banda, casa na árvore, além dos outros programas mais convencionais que as mães nos proporcionavam. No fundo acho que quero que ela tenha uma infância tão feliz quanto a minha. Só não sei é se o estou a fazer bem.
      (mas acho que não me estou a sair mal, ainda no outro dia ela me dizia:sabes porque é que eu ando sempre aos saltinhos em vez de andar, mamã? Porque estou sempre muito feliz.)

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  3. Oooooh Xaxia, o rafting não encharca, quase nem molha, é só um chuvisco lá num pedacinho da volta mas chuvisco mesmo. Todos os anos vamos ao Badoca, não por causa dos miúdos mas porque eu adoro aquilo, vá-se lá saber porquê. O ano passado, macaquito e o pai lá foram todos contentes ao rafting e eu e a pequenita muito tristes porque ela não tinha altura suficiente. Digamos que o pequeno ADOROU, diz que para os adultos sabe a pouco!!

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    1. Ooooh Bé, não me digas isso que me penitencio já aqui.
      Mas vi sair de lá uma família bastante molhada...cabelos e roupa.

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  4. Quê? Não os deixou fazer o melhor do parque por causa de umas pinguinhas de água? Céus, Xaxia...
    (má mãe que eu sou, hoje em dia eles têm de se entreter com o que têm de se entreter, às vezes há programas com os amigos, às vezes há programas culturais, muitas vezes ficamos em casa que isto tem de ser para todos)

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    1. Ora Pic, os seus filhos são mais crescidos.

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    2. Sempre foi assim Xaxia, mesmo na altura em que as festas de anos eram da turma inteira, o que significava que cada um tinha entre 25 a 30 festas por ano. Iam às que iam se nós estivéssemos para aí virados.
      Quando eram realmente pequenitos, aí até aos 5 anos, lembro-me de que fazia por sair, a maior parte das vezes íamos até ao parque, sempre nos davam mais descanso na rua que em casa. Mas nunca fui escrava de programas, era o que mais faltava.

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  5. É verdade estão a criar uma geração do que vão ser adultos insatisfeitos e pouco apreciadores das coisas simples (e importantes) da vida, e a culpa é toda dos pais que os sobrecarregam com actividades e programinhas, desculpe-me a franqueza e se me permite acrescentar, espero sinceramente um dia que for mãe conseguir não cometer os erros que esta geração de pais está a cometer amiúde (sei de algumas exceções, valha-me isso para ter esperança, sei de crianças que passam fins de semana e férias em casa, a brincar com os irmãos e a puxar pela criatividade para reinventar jogos e brincadeiras).

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    1. Espero que consiga Margarida. Em minha defesa, digo-lhe apenas que não é fácil. Demasiada oferta, demasiadas solicitações.

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  6. pois. Preocupamo-nos muito... Eu ando tristíssima por não poder levar os meus a lado nenhum :( e ele só tem 4 e ela 1. Nunca o levei ao cinema e penitencio-me. Ele não está nem ai

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  7. Na sexta feriado levei a minha ao concerto das Winx.
    Nós olhavamos para ela e ela quietinha e calada enquanto as outras cantavam e saltavam.
    - Será que ela não gosta?
    Incentivos a levantar o braço e tal, na segunda parte já parecia gostar mais.
    No fim? E nos outros dias? Diz que adorou ir ver as Winx!
    Se calhar é mesmo como tu estás a dizer!

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