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sexta-feira, abril 24, 2015

Voltando à vaca fria

O Ricardo Araújo Pereira e o Markl, fizeram um video a apelar à assinatura de duas petições, uma contra a canalização de dinheiros públicos para financiar a tauromaquia, outra a pedir a proibição da presença e participação de crianças nas corridas de toiros.
Detesto corridas de touros. A verdade, é que o espectáculo não me entusiasma, muito menos me fascina. Azar o meu, parece que faço parte da pequena fatia do povo português que não tem inscrito no seu ADN o gosto pelos toiros, essa parte do património cultural tão importante ao funcionamento normal da sociedade portuguesa.
Não tenho uma posição extremada em relação ao assunto. Não vejo, porque não gosto. Costumo dizer muitas vezes que não gosto de corridas de toiros, da mesma forma que não gosto de Fórmula 1, mas a verdade é que vai além disso. A verdade, é que tudo o que gira à volta do sofrimento do bicho, me deixa altamente desconfortável, e ir para uma praça tapar os olhinhos cada vez que sacam de uma bandarilha...Convenhamos, não é?
Agora o meu dilema.
Uma boa parte da familia e amigos de sempre de Dito-Cujo é aficionada. As festas da terra onde os meus filhos passam todos os períodos de férias, gira à volta do toiro. Largadas, garraiadas, e touradas. Os meus filhos dividem-se. Migalha do Meio dispensa os eventos taurinos, mas Migalha Crescida e especialmente o Sancho, adoram. Vibram. Para terem uma ideia, uma das brincadeiras favoritas do meu filho, é "brincar aos forcados", e passa horas a ver videos de corridas no Youtube.
Já lhe perguntei se não tem pena do animal, se não lhe faz impressão, "olha filho tanto sangue, aquilo deve doer", mas ele não se comove.
Não quero educar um aficionado, mas não me sinto no direito de proibir, ou ir contra aquilo que é um gosto e uma tradição da família do pai. Por outro lado, nos tempos que correm, penso duas vezes antes de o mandar para a escola com uma das muitas t-shirts vindas de terras de nuestros hermanos, cheias de toiros e olés!, não vá aquilo chocar alguém.
Digo-vos, esta cena da maternidade é complicada até nas cenas que deviam ser simples.


15 comentários:

  1. Talvez por ser minhota, logo afastada desse tipo de tradições mais ribatejanas, confesso que abomino touradas, tal como abomino outro tipo de espectáculos que possam causar sofrimento aos animais.

    O mais engraçado é que ainda não vi uma única teoria de um tauromáquico que me pudesse fazer mudar de opinião...

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  2. Xaxia miúda, os teus filhos não são tu. Naturalmente terão gostos diferentes dos teus, às vezes tão diferentes que te questionas como podem ser teus filhos. Nessa questão tauromatica é que nem vale a pena. Enquanto uns são contra outros são a favor. E uma espécie de política, eu sou de esquerda ele de direita. Sabemos bem quem são os melhores, mas na verdade é que uns e outros fazem história. Acho que na questão dos toiros { dos quais sou selvaticamente contra) há uma teoria de que se não houvesse tourada não havia toiros, logo, os filhos nunca são o sonho que fazemos deles, assim como a tourada.

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  3. Sou contra. Acho que as crianças, tal como os avós e pais e por aí fora só gostam porque são ensinados nesse ambiente e acham isso natural.
    A minha avó adorava ver, o meu pais gosta e eu só consigo ver a tortura dos animais.

    Tal como a tradição do Minho do pai tirar a virgindade à filha, tal como outras tantas tradições parvas e baseadas na humilhação e na falta de reconhecimento de direitos e do sofrimento, eu também sou contra isso.

    Para mim é muito simples de explicar e perceber o fenómeno: são pessoas que gostam de ver um animal a ser esfaqueado, repetidamente.
    Se compreendo que os mais velhos, habituados a não se compadecerem com nada disso não se incomodam, já que alguém que se diz adulto nas suas faculdades mentais plenas ache normal... não, não acho.

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    1. E as crianças, como o teu filho, não se incomodam porque estão habituadas a ver isso como normal, natural e lhes é transmitido que é algo bom.
      [Já agora, sou contra que se deixe crianças verem esses espetáculos antes dos 3 anos - formação mais profunda da personalidade. Pois, por norma, os psicopatas advém precisamente de quem já em criança foi habituado a ver - e a gostar de ver - a tortura dos animais.]

      É pena que em Portugal o € valha mais que a vida e o bem-estar dos animais. Se o contrário fosse, já seria ilegal.

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    2. "Tradição do Minho do pai tirar a virgindade a filha"? Ó meu Deus, que estupidez é essa? Sou minhota dos sete costados, com família no Minho rural e no Minho urbano e nunca, nunca ouvi falar nessa tradição! Se aconteceu numa família que conhece caro anónimo, não faça disso uma tradição...

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    3. Se não conhece, aprenda, estude, leia mais.. Não é de agora mas já foi. Felizmente não é. E não é porque evoluímos.

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    4. Se já não é tradição, não vejo porque a trouxe à liça e a comparou com a tourada. Sabe porque é disparatado comparar as duas situações
      1. porque e tradição das corridas de touros existe actualmente e a tal que refere como tradição minhota não.
      2. porque se para si uma corrida de touros e um pai tirar a virgindade à filha estão no mesmo patamar de dignidade, tudo o que possa dizer sobre perde a pouca credibilidade que poderia ter.

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  4. Por favor não se ofenda com o que vou escrever.
    Eu sentiria um profundo desgosto se um filho meu quisesse fazer um animal sofrer, sofrimento esse que passa por sangramento contínuo, sem que isso lhe despertasse compaixão ou horror.

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    1. Eu acho o mesmo.
      Os filhos não somo nós, mas da mesma forma que ensinamos a não matar pessoas, a tratar bem, ter atenção a pessoas diferentes etc etc o mesmo devia ir para os animais.

      Sentir-me-ia falhada e desiludida. Não precisamos de mais talhantes

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    2. Não me sinto falhada, nem desiludida. Sentir-me-ei falhada se algum dia o meu filho, que por acaso tem apenas quatro anos e portanto uma visão e sensibilidade de quem tem, exactamente, quatro anos, for uma má pessoa. Mas claro, isto sou eu que conheço muitos aficionados que são excelentes pessoas e já os vi fazerem mais pelos outros e pela sociedade do que a maioria que se insurge contra eles.

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  5. Desculpa, mas boa sorte ao touro que leva alguém com ele.
    Que horror, 1 marido e filhos que não são humanos

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    1. Vai-me desculpar, mas uma pessoa que deseja mal a outra pessoa, nomeadamente a morte, independentemente de quem é essa pessoa, não me merece qualquer consideração e a sua opinião para mim, vale zero. São pessoas com as prioridades completamente invertidas, que defendem aparentemente a paz mas se manifestam contra actos supostamente violentos com uma violência e agressividade maior. Por existirem pessoas com esta posição no seio das associações de defesa dos animais, é que muitas vezes estas não são levadas a sério.
      Passar bem.

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  6. Nós moldamos as nossas crianças, que serão adultas.

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    1. Felizmente, não me parece que haja uma relação directa entre o gosto pela corrida de touros e a personalidade ou carácter das pessoas.

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  7. Eu tenho um grupo de amigos aficionados que me levaram a uma tourada em Tomar. Não ia desde criança e sempre disse que não gostava, pelo sofrimento do touro, os risco dos forcados, cavalos e cavaleiros. Mas fui, para tentar saber o que move aquela paixão dos meus amigos. Explicaram-me imensas coisas, regras e pormenores da arte da tauromaquia. Mas custou-me a ver, apreciei apenas a nobreza dos cavalos, a sua dança frente ao touro e principal a sua dança de agradecimento ao público.
    No entanto, a minha filha com certa de 7 anos, que nunca tinha visto uma tourada adorou. Percebeu o sofrimento do touro, mas provavelmente porque lá em casa se matam animais (galinhas, coelhos, patos etcc) para comer (eu não que não consigo) não entendeu a enormidade do sofrimento do bicho e adorou a tourada. Quanto via publicidade dizia-me logo que queria ir ver.
    Como tu Xaxia, nunca tive posição extremada sobre o assunto e continuo sem ter.
    Se todos os que defendem o fim das touradas vissem como são criados os animais nos aviários, vacarias e suiniculturas, deixariam de comer carne de certeza.

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